A VISITA DE EDWARD CULLEN

NOTA: O conto a seguir é uma fanfiction – uma história de ficção, utilizando o universo imaginário do personagem Edward Cullen, da saga Crepúsculo de Stephenie Meyer. A história se passa no episódio de "Lua Nova", quando Edward decide ir embora de Forks, tentando com isso proteger Bella.     
          E só para lembrar: as leis de direitos autorais norte-americanas não consideram as fanfictions ilegais, e até mesmo estimulam sua produção; portanto, como a saga Crepúsculo é uma obra norte-americana, não estou cometendo nada fora da lei. Mas se você deseja escrever uma fanfiction com a obra de algum escritor brasileiro, cuidado: por aqui ainda é ilegal.  


PARTE I

Celina foi a única da família Monteiro a não ir ao aeroporto receber o amigo americano. Seus pais sempre lhe falaram dos Cullen e do seu modo de vida na pequena e eternamente nublada Forks. Celina não podia deixar de ficar fascinada pelas notícias de uma família inteira de vampiros vivendo numa cidade onde podiam se mostrar em plena luz do dia, sem arranjar problemas. Por isso mesmo, para ela, era inconcebível uma justificativa para que Edward, um dos mais poderosos daquele clã, simplesmente estivesse desembarcando em uma das cidades mais quentes da América do Sul, onde seus dias de hóspede seriam passados num apartamento subterrâneo, construído secretamente numa propriedade da família Monteiro, na zona sudeste de Teresina, de onde só poderia sair à noite.
                Marcos e Catarina, os pais de Celina, e Rafael, seu irmão, fizeram de tudo para dissuadi-la daquela idéia infundada de que Edward era um vampiro arrogante, e convencê-la a ir buscá-lo no aeroporto aquela noite. Não adiantou. Conhecendo os vampiros como conhecia, Celina não ia cair no papo furado de que um vampiro com as habilidades e a beleza de Edward, de quem já tinha visto algumas fotos, pudesse ser alguém livre dos excessos do ego. Ela preferiu ficar em casa, dar uma volta pela chácara sob o céu estrelado e sugar alguns pequenos pássaros adormecidos nas árvores – “tomar sorvete”, como ela dizia.
                Assim como os Cullen, os Monteiro haviam tomado a decisão de viver sem sangue humano, de ser “vegetarianos”, nas palavras de Carlisle. Marcos era um vampiro bem mais antigo, de origem portuguesa e radicado no Brasil desde os tempos da colonização do estado do Piauí. Cedo ele aprendeu a se alimentar de sangue bovino, abundante nas fazendas de gado da região.
                Depois de se estabelecer economicamente como agropecuarista, Marcos precisou passar longas temporadas afastado dos seus negócios, principalmente quando chegava o tempo de “morrer” para não chamar a atenção, e retornar mais tarde como “um parente distante”, herdeiro de todo o patrimônio, e dar continuidade aos negócios.
                Numa dessas temporadas afastado do Brasil, conheceu o Dr. Carlisle Cullen, de quem se tornaria um dos melhores amigos, principalmente por compartilharem a idéia de constituir uma família capaz de conviver pacificamente com os humanos, respeitando sua vulnerabilidade em vez de tirar proveito dela covardemente. Carlisle lhe falou de Forks, a pequena cidade do noroeste do estado de Washington, para onde estava decidido a se mudar, entusiasmado com a possibilidade de poder levar uma vida diurna, em função do clima do lugar. Ele chegou a sugerir que Marcos viesse com ele, pois ambos poderiam criar um clã de vampiros num lugar em que seria possível viver em perfeita harmonia com os humanos, mantendo a discrição e o segredo de sua raça.
                No entanto, Marcos sentia que seu espírito criara raízes profundas na terra natal por adoção, e que, apesar dos hábitos excêntricos que sua condição de vampiro exigia, ali jamais seria incomodado com investigações perigosas sobre sua origem. Assim, deixando uma grande amizade consolidada com o norte-americano Carlisle Cullen, ele retornou à terras do Piauí.
                Muitos anos depois do seu regresso, Marcos conheceu uma extraordinária vampira, a qual vinha promovendo uma verdadeira chacina nas fazendas do interior e causando um princípio de boatos sobre sua espécie. Marcos então decidiu caçá-la e exterminá-la, e começou a seguir suas pistas. Foram meses de buscas. E, ao encontrá-la, os dois travaram violentos duelos, em que várias vezes um dos dois teve de fugir do outro para não morrer. A verdade é que, depois de uma batalha feroz, o vencedor da vez nunca conseguia ir até o fim e aniquilar o outro. E o motivo disso era surpreendente para ambos: estavam perdidamente apaixonados.
                As batalhas foram se convertendo em nervosas discussões; estas, em conversas cheias de argumentos antagônicos; e finalmente, em longos e calmos diálogos. Até que o inacreditável aconteceu: Marcos e sua antiga inimiga não apenas chegaram a um acordo de paz como assumiram seus sentimentos um pelo outro. Agora, mais de duzentos anos depois, ele e Catarina ainda vivem um feliz e próspero matrimônio. Celina e Rafael só entraram em suas vidas no final do século XIX, sendo que Rafael é sangue-puro, filho biológico do casal, e Celina adotiva.
                Em várias outras ocasiões Marcos ainda visitou o amigo Carlisle Cullen em Forks, ficando imensamente feliz ao ver a bela família que o amigo também construíra na América do Norte. Mas com o tempo suas visitas à família Cullen tiveram que ir rareando, por causa da implicância dos Quileutes, povo indígena descendente dos lobos, que estabeleceram fronteiras e regras de convivência entre eles e a família de Carlisle. Porém, a amizade entre o vampiro brasileiro e o norte-americano seguiu firme ao longo do tempo, e os dois nunca deixaram de se corresponder.      
                E recentemente, quando Edward Cullen, um dos filhos de Carlisle, fez contato e consultou Marcos sobre a possibilidade de passar uma semana em sua casa, ele manifestou grande alegria, pedindo a Edward que viesse e ficasse por quanto tempo desejasse (apesar de não ter lhe escondido as desvantagens climáticas de Teresina para um vampiro). Embora nada soubesse sobre os problemas existenciais que afligiam Edward e o afastavam de casa naquele momento, Marcos pressentia que o amigo estava fugindo de algum conflito afetivo. Só não poderia suspeitar jamais que uma humana estivesse envolvida no caso. Porém, evitaria de todas as maneiras este assunto, se essa fosse a vontade de Edward.
                Naquela noite, enquanto aguardava o retorno dos parentes com o hóspede, Celina vagava pela chácara, meio dispersa e entediada. Sempre que ficava sozinha ela tinha dificuldades em evitar as lembranças do seu passado. Mesmo assim ela tentava, porque odiava pensar naquelas coisas, odiava principalmente a memória de ter deixado a condição humana quando ainda era apenas uma criança. Tinha doze anos quando foi vampirizada, e ter de viver por séculos sem jamais ter o direito a um corpo de adulto não era exatamente a maneira mais gratificante de se tornar imortal.
                A única recordação feliz daquele início indesejado da sua vida de vampira era a figura generosa e heróica de Marcos. Enquanto a estupidez de um vampiro vulgar e sem nenhuma ética não viu problema em comprometer para sempre a vida de uma menina frágil e ingênua, o senso de justiça de Marcos, que surgiu milagrosamente no momento exato do ataque, fez com que Celina tivesse o consolo de ver seu agressor cair morto aos seus pés, pagando com a própria vida pelo crime cometido.
                Para afugentar todas essas lembranças e aliviar um pouco o tédio, Celina resolveu praticar seu esporte que sempre causava o maior pandemônio entre os pássaros, acordados abruptamente nas noites calmas da chácara. Ela subia à copa de um enorme juazeiro e, concentrando-se bem, começou a saltar de uma árvore para outra numa velocidade impossível de ser acompanhada por olhos humanos, como se seu corpo fosse uma bolinha de borracha, quicando entre as árvores. Um verdadeiro ritual de liberação de adrenalina.
                Depois de ter certeza que cada uma das árvores da chácara haviam sido percorridas, Celina voltou ao juazeiro, um pouco aliviada, e se deixou ficar ali, no galho mais alto, apreciando a noite.
                E quando ela parecia estar finalmente apaziguada, ouviu o motor do carro da família. Ficou olhando o carro em seu percurso, desde o portão da chácara, avançando devagar pela estrada de terra, até estacionar em frente à varanda. Quando os quatro ocupantes do veículo desceram, mesmo de longe Celina pôde distinguir o rapaz alto e de porte elegante conversando com seu pai. “Então, aí está Edward Cullen”, ela pensou. “Vamos ver até que ponto você confirma ou decepciona as minhas expectativas”. Em seguida, num movimento ágil de um gato, ela saltou da árvore.
                E caminhou direto para Edward.

(... contiuna...)

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