Uma incursão pelo cinema amador

No Nordeste brasileiro, atualmente, está havendo um verdadeiro movimento popular de produção cinematográfica, de caráter amador e regionalista. Depois do inegável “boom” do filme Ai Que Vida, de Cícero Filho, parece que dezenas de cineastas adormecidos (nas pessoas mais insuspeitas) de repente acordaram, abriram bem os olhos, arregaçaram as mangas e disseram: “Eu também vou fazer um filme”.
            As mini-dvs e minicâmeras digitais em geral nunca foram tão utilizadas em projetos tão ambiciosos como os média-metragem e curta-metragem produzidos agora. Assim como “não atores” nunca “atuaram tanto” diante das câmeras, mesmo sem receber cachê, mesmo indo de uma locação para outra encima de uma carroça e, acima de tudo, mesmo sem a formação necessária para oferecer uma performance totalmente satisfatória. No entanto, a despeito de tudo isso, essa linha de produção vem conquistando o que de mais gratificante uma obra de arte pode conquistar: o público!
            Os fatores que contribuem para o sucesso desse tipo de cinema são múltiplos. Em primeiro lugar, em sua grande maioria, os filmes são comédias.  A relação entre a comédia e o Nordeste dispensa comentários. Em segundo lugar, o elemento que poderia ser encarado como o grande vilão da distribuição desses filmes (a pirataria) acaba atuando como um paradoxal “parceiro”. Isto porque, ao produzir seus filmes, os diretores e produtores desse movimento geralmente não têm fins lucrativos, desejando apenas, de alguma maneira, projetar o seu nome na cultura popular local. E assim, com cópias vendidas a um preço irrisório e satisfazendo ao gosto de uma estética popular, os filmes desse movimento acabam alcançando um enorme sucesso de público (embora estejam longe de um dia sonharem em agradar a crítica).
            Se a qualidade estética/conceitual dessas produções é seriamente questionável, deixo por conta dos especialista no assunto.
            E qual o meu interesse em escrever sobre isso? Simples: eu também vou fazer um filme amador!
            Isso mesmo. Um filme gravado em mini-dv, com muitas características do movimento cinematográfico popular ao qual me refiro neste post.
            Trata-se de uma adaptação livre de SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO,  de Shakespeare, realizada pelo Prelúdio – grupo teatral que eu dirijo há alguns anos. Na nossa versão a história se passa no interior do Piauí, época atual, e recebe o nome de SONHO DE UMA NOITE NO SERTÃO.
            Na verdade, fizemos uma montagem teatral da peça, com essa mesma proposta, em 2009. A idéia do filme veio logo a seguir, sendo que chegamos a tentar uma filmagem no começo de 2010, a qual tivemos que interromper por diversos obstáculos. E agora, mais de um ano depois, estamos em contagem regressiva para as primeiras tomadas.
            O roteiro (ainda em desenvolvimento) é de minha autoria; a direção do filme também é minha. A produção de áudio e vídeo, e provavelmente parte da fotografia, ficarão por conta do grande amigo e colaborador Herberth Rogger. Quanto ao figurino, à maquiagem e até mesmo à produção, todos os envolvidos no projeto participarão de alguma maneira.
            Pretendo escrever e postar aqui todas as etapas do processo, compartilhando toda a experiência e o possível aprendizado. Nos próximos dias escreverei um post com alguns comentários sobre o conceito do filme (sem nenhuma pretensão de discurso de cineasta profissional, é claro).
            Por enquanto é isso. Inté!!!
Eduardo Prazeres

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