SOBRE VIVER E NÃO VIVER

Firmino da Silveira Soares Filho

16/12/1963 - 06/04/2021


 

Quais motivações interiores se fazem mais fortes que o próprio desejo de viver? Quais os mistérios da alma são capazes de induzir uma pessoa à decisão de dar um basta à própria existência? São perguntas que, talvez, ainda levemos muito tempo para sermos capazes de responder com um mínimo de coerência, porque, na verdade, dentro de uma análise racional, nenhuma explicação pode ser convincente. De fato, ouso acreditar que, no fundo, nenhum de nós deseja ser capaz de encontrar uma justificativa para o ato do suicídio, mas, sim, desejamos um mundo em que nenhuma pessoa, nenhum ser vivo, repleto de sentimentos, inteligência e potencial realizador, sinta a necessidade de morrer.

Ontem, dia 06 de abril de 2021, a cidade de Teresina foi impactada pela notícia e pelas imagens do suicídio de seu ex-prefeito, Firmino Filho, que se jogou da janela do 14º andar do edifício Manhattan, onde tinha escritório. Hoje a cidade amanheceu de luto, envolta numa aura de tristeza pelo fim trágico de um ser humano (independente das opiniões divergentes sobre sua atuação política), um homem de vida pública profundamente ligada à história da capital piauiense há mais de duas décadas. As imagens do cortejo fúnebre do ex-prefeito foram transmitidas por emissoras de TV locais, testemunhando a comoção e a incredulidade da população, que parece ainda se perguntar se o ocorrido é real.

Assim como o ex-prefeito Firmino Filho, muitos seres humanos, em Teresina e pelo mundo afora, têm solucionado seus problemas existenciais da maneira mais trágica, fatal e irreversível. Não ouso aqui apontar uma solução para o problema, pois este é um fato que existe em decorrência da dor, e a dor de cada ser humano é legítima. Mas ouso ainda acreditar, com o que me resta de Fé e Esperança, com o que construí (e nunca perdi) em mim mesmo de Espiritualidade, de Transcendência, de Consciência Cósmica, que todos nós devemos “aceitar a experiência da vida”, mesmo com a presença constante da dor, mesmo com as cicatrizes e até mesmo as feridas ainda abertas pelas batalhas de cada dia. Estamos aqui com algum objetivo sim, mesmo se duvidarmos disso, mesmo que neguemos isso, motivados pela raiva, pelo medo, pela desesperança e pela dor. O universo é repleto de causalidade por todos os lados, e não seria justamente a existência humana, a existência de um ser tão capaz e criativo, que constrói naves espaciais, cria a internet e todo um universo virtual paralelo ao mundo físico, não seria justamente a existência de um ser assim que se daria no universo sem nehuma justa causa, sem nenhum propósito concreto, consistente.

Sim, estamos aqui por algum motivo. Não me atrevo a responder qual, pois eu também busco a resposta. Mas estar convicto de que há uma razão, qualquer que seja, e que essa razão, de alguma maneira, está relacionada à minha evolução como ser cósmico, isso é o suficiente para me manter aqui. Respeito os que desistem e me entristeço profundamente por eles. Rogo, em meu íntimo (sempre transpondo o improvável pela Fé) que eles venham a ter uma nova chance. Sim, que todos aqueles que desistiram, pela infinita bondade do Criador, possam ter uma nova chance. Mas que nenhum de nós, que ainda estamos aqui e lutamos, possa deliberadamente exigir essa nova chance, mas, sim, usufruir com sabedoria, paciência e disciplina da chance que estamos tendo agora, no presente.

A despeito de toda a dor, das cicatrizes e feridas abertas, que façamos nossas vidas valer a pena. Que prevaleça a teimosia de viver. Pois é teimando com os obstáculos que o fio de água de uma pequena fonte se converte num rio caudaloso e perene, alimentando mais e mais A VIDA.

 

 

Eduardo Prazeres

07/04/2021       

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