BATALHA DO JENIPAPO - heroísmo patriótico em terras do Piauí
Ressoa o Grito do Ipiranga
No Sudeste do Brasil,
Proclamando a Independência
Em brado forte e varonil;
É assim que se inicia
O movimento que teria
Patriótico perfil.
Mas
a coroa portuguesa
Pela
força planejava
Insistir
em seu domínio
Na
colônia que escapava;
Numa
terra tão extensa,
D.
João VI ainda pensa
Nas
riquezas que ela dava.
Pará,
Maranhão e Piauí,
Norte/Nordeste
da nação,
Sofriam
de deficiência
Em
sua comunicação;
Grande
extensão territorial
E
o transporte animal
Formavam
a limitação.
E
por falar em animal,
Vejamos
o gado bovino,
Que
aqui no Piauí
Era
um tesouro genuíno;
Por
isso o Estado interessava
A
Portugal, que enxergava
A
riqueza em seu destino.
A
importância deste fato
Estava
numa estratégia
Criada
pelo regime
Pra
manter a força régia;
Com
o Piauí subjugado,
Sem
fornecer carne de gado,
O
rei faria a sua média.
Outro
fator relevante
Na
cobiça da coroa
Era
a geografia,
Estratégica
e boa;
Do
Piauí fácil seria
Navegar,
pra quem queria
O
intercâmbio com Lisboa.
E
poderia praticar-se
Uma
forte vigilância
Contra
as forças externas,
Que
também tinham ganância
De
explorar o Brasil,
Fonte
de riquezas mil,
Dando
lucro em abundância.
D.
João VI então nomeia
João
José da Cunha Fidié,
Valente
Major português,
Por
quem nutre grande fé,
A Governador das Armas
Para
manter as amarras,
Do
Piauí como puder.
Fidié
entra em Oeiras,
Nessa
época a capital,
Em
08 de Agosto de 1822,
Decidido
a ponto tal
Que
um dia só tendo passado
Já
no seguinte é empossado
No
seu cargo maioral.
O
tempo era complicado;
A
causa da Independência
Difundia-se
pouco a pouco,
Porém
com efervescência;
As
grandes complicações
Surgiam
com as adesões
A
D. Pedro e sua regência.
As
adesões no Piauí
Por
Parnaíba se iniciam;
Em
19 de Outubro de 1822
Patriotas
anunciam
Que
se fazem independentes,
Sem
temer as consequentes
Represálias
que viriam.
Fidié
enfurecido
Ao
saber desse levante,
Na
direção de Parnaíba
Suas
tropas leva avante,
Pra
sufocar o movimento,
Matando
o encorajamento
A
qualquer simpatizante.
Na
rota para Parnaíba
Campo
Maior vem primeiro;
Fidié
ali se hospeda,
E
realiza um verdadeiro
Tributo
ao rei de Portugal,
Impondo
ao poder local
Que
negue o brado brasileiro.
Ali
esteve13 dias,
No
intuito de reprimir
As
forças independentes
Que
pudessem sobrevir;
Partindo
em prosseguimento
Deixa
um destacamento
Forte
e pronto para agir.
No
dia 07 de Dezembro
Para
Parnaíba parte;
Passando
por Piracuruca
Ele
usa de igual arte,
Ao
lugar subjugando
E
um destacamento deixando
Pronto
pra qualquer embate.
Em
18 de Dezembro
Ele
em Parnaíba chega,
E
sem nenhuma resistência,
Sem
batalha e sem pega,
Entra
na vila rebelada
Que
já se encontra sitiada
E
a render-se não se nega.
O
Brigue Infante D. Miguel
Vindo
lá do Maranhão,
Trouxe
tropas e armamentos
Prontos
pra destruição;
Antecipou-se
a Fidié,
Que
em Parnaíba pondo o pé
A
vitória tem na mão.
Refugiados
em Granja,
Interior
do Ceará,
Os
lideres rebeldes
Vão
se reorganizar
Para
dar continuação
Ao
processo de adesão,
E
a independência alcançar.
Leonardo de C. Castelo Branco,
O Aferes rebelado,
De Francisco de Miranda Osório
Torna-se bom aliado;
O capitão Miranda
Desejoso também anda
Por um Brasil libertado.
Os
dois líderes citados,
Sem
temer nem mesmo a morte
Um
exército organizam,
Acreditando
que com sorte
O
inimigo venceriam,
A
independência alcançariam
Pela
união de um povo forte.
Os
recrutas voluntários
São
em dois grupos divididos;
O
do Alferes Leonardo
Marcha
em passo decidido
Rumo
a Piracuruca,
E
o de Miranda se ocupa
De
Campo Maior, destemido.
Em 22 de Janeiro de 1823
Leonardo e seguidores
Rendem em Piracuruca
Os soldados opressores
Que Fidié ali deixou;
A Independência ressoou
Atendendo
aos clamores.
A
24 de Janeiro
É
Oeiras que escuta
O
brado da Independência,
Disposta
a se fazer com luta;
Manoel
de Sousa Martins
Desafia
os tempos ruins,
Presidindo
agora a Junta*.
Informado que Oeiras
Se encontra em rebelião,
E em Parnaíba já estando
Bem cumprida sua missão,
Fidié logo regressa
Com muita fúria e grande pressa,
Pra domar a situação.
Leva
sob comando
1.100
homens de guerra,
11
peças de artilharia,
Fazendo
tremer a terra;
Recebeu
também reforços
Pra
reduzir a destroços
Quem
por liberdade berra.
Enquanto
isso, Leonardo
Cada
vez mais empolgado,
Deixando
Piracuruca
Com
suas tropas ao lado,
Ruma
pra Campo Maior,
Onde
num brado só
Pedro
I é aclamado.
Sua
entrada ali se deu
No
dia 02 de Fevereiro,
Prende
os homens de Fidié
Em
gesto forte e altaneiro;
Campo
Maior emancipada,
De
Portugal já libertada,
Vira
o alvo de um guerreiro.
Leonardo
satisfeito
Com
aqueles resultados
Toma
uma pequena escolta
Formada
por três soldados,
E
da fazenda segue a trilha,
Pra
rever a família,
Esposa
e filhos amados.
A
fazenda Limpeza,
Terra
de sua propriedade,
Chama-se
hoje Esperantina-
Do
Piauí bela cidade;
De
lá iria pro Maranhão
Convocar
a população
Para
a causa da liberdade.
No
dia 1° de Março,
Na
cidade de Repartição,
Tem
uma grande surpresa
Com
om povo do Maranhão;
É
traído e aprisionado,
A
São Luís é enviado,
Ficando
ali em reclusão.
Então
Luís Rodrigues Chaves-
Capitão
vindo do Ceará,
E
João da Costa Alecrim -
Grande
líder popular,
A
outros líderes se aliam
E
todos juntos desafiam
Fidié
a guerrear.
Reúnem
em Campo Maior
Voluntários
destemidos;
Somam
1.000 piauienses,
Do
Ceará 500 vindos;
Também
vieram maranhenses,
Mas
foram campomaiorenses
Em
maior número reunidos.
A
tropa de voluntários
Era
em sua maioria
Homens
simples do povo,
E
nem armas possuía;
Foices,
facões e enxadas
E
outras armas improvisadas
Era
o que a tropa usaria.
O comando brasileiro
Em Campo Maior fixado,
Sabendo que Fidié,
Experiente e acautelado,
Poderia sua rota mudar
Para um grande confronto evitar,
Formula um plano bem bolado.
Ficando as tropas maranhenses
Em Estanhado (hoje União),
Posicionando as cearenses
Em Castelo (no tempo, Marvão);
Pois estas rotas formavam
Alternativas que evitavam
O sangrento esbarrão.
Mas
em 12 de Março
É
confirmada a notícia
Trazida
ao Comando Geral:
Fidié
com sua milícia
Por
Campo Maior vai passar,
E
ninguém pode lhe enfrentar
Sem
ter bravura e perícia.
Mensagens
são enviadas
Na
tarde do mesmo dia
A
Estanhado e a Marvão,
Numa
ordem que dizia:
“Nem
que dez cavalos morram,
Ordenamos
que acorram
Pois
a hora se avia”.
Chega o dia 13 de Março,
E ainda de madrugada
Os patriotas se aprontam
Para a grande empreitada;
Em dois agrupamentos,
Poucos preparos e armamentos,
Marcham para o tudo ou nada.
A
primeira providência
Que
planejavam tomar
Era
impedir que os portugueses
Conseguissem
atravessar
O
Rio Jenipapo,
Pois
iriam com este ato
Suas
chances aumentar.
Somente
em dois locais
A
travessia era possível;
Com
uma tropa em cada um
Tornariam
inacessível
A
entrada do inimigo
Na
cidade que era abrigo
Da
revolta irredutível.
João
da Costa Alecrim
Por
seus comandados seguido
Vai
guardar a direita do rio;
O
lado esquerdo é guarnecido
Por
Luís Rodrigues Chaves,
Assim
ficando as duas traves
Mortal
caminho a ser seguido.
Os
dois grupos combinaram
Uma
senha, um sinal:
Quando
avistassem Fidié
Se
aproximando do local
Onde
um deles estava,
O
chefe um tiro disparava
E
o outro grupo viria fatal.
Mas
o Major Fidié
Era
um guerreiro astuto;
Percebeu
a armadilha,
Surpreso
com o povo matuto;
Foi
ele quem disparou
E
os brasileiros enganou,
Cruzando
o rio como um vulto.
Por
volta das 9 horas
Ocorre
o primeiro embate;
Matuto
contra soldado,
O
primeiro é quem bate;
Os
portugueses repelidos
Não
se deram por vencidos,
Queriam
mais que o empate.
Fidié
então apela
Para
a artilharia pesada,
Arrasando
os patriotas,
Vidas
ceifando em disparada;
Só
o amor à liberdade
Justifica
a insanidade
De
enfrentar aquela armada.
O
comando brasileiro
Para
o inimigo dispersar,
Põe
em prática o recurso
De
ao mesmo tempo atacar,
Surgindo
de todos os lados
Os
invasores sendo obrigados
A
sua formação desmanchar.
Assim
prosseguia a luta;
Ora
um grupo avançando,
Derramando
o sangue inimigo;
Ora
o mesmo recuando,
Pela
violenta reação
Do
adversário que não
Hesitava
em ir matando.
Os valentes brasileiros
Poucas armas possuindo,
Encaravam Fidié
Destemidos e insistindo
Em conquistar a independência,
Pra que a sua descendência
Gozasse o cativeiro findo.
Mas
as tropas portuguesas
Levavam
grande vantagem;
E
João da Costa Alecrim
Usando
de astúcia e coragem
Põe
em prática um plano;
Num
esforço soberano
Arma
uma sabotagem:
Sabendo
que os portugueses
Escondiam
sua munição
Próximo
à margem do rio,
Ataca
os guardas de plantão,
Na
água tudo lançando,
Fidié
assim ficando
Em
menos boa situação.
Após
as 2 horas da tarde
Sem
munição ali se vendo,
Fidié
enfim recua
Com
ar de quem vai perdendo
Numa
guerra desigual,
Em
que tinha fé total
De
ver o povo se rendendo.
Nos campos muitos mortos
E os feridos sobreviventes
Eram um quadro de horrores,
Pintado pelos combatentes;
Morreram mais os brasileiros,
Pois não eram guerrilheiros,
Mas trabalhadores decentes.
Porém
vitória não se deve
A
Fidié atribuir,
Pois
cria que seu exército
Ninguém
podia resistir,
Mas
viu-se ali arrasado,
Seu
comando desarticulado
Pelo
povo do Piauí.
Com o que restou de suas tropas
Fidié foi acampar
Na fazenda Tombador,
Para se reorganizar,
E com seu contingente
Atacar novamente,
Pois desejava se vingar.
Porém sabendo os patriotas
Do inimigo as intenções,
Durante a noite, em silêncio
Roubam suas armas e munições;
Fidié se vê incapaz,
E abandona seus ideais,
No maior fracasso de suas
missões.
Partindo
de Campo Maior
E
fortemente perseguido,
Só
depois de muitas fugas,
Finalmente
ele é rendido
A
31 de Setembro de 1823,
Quando
é capturado de vez,
E
ao Rio de Janeiro conduzido.
Fidié
então é deportado
Pra
sua terra, Portugal,
Deixando
em nossa história
Sangrento
referencial;
Mas
onde ele for lembrado
O
que merece ser honrado
É
o grande feito nacional.
E
foi assim que o Piauí
Deu
sua contribuição,
Oferecendo
em sacrifício
Por
uma livre nação
O
seu sangue, a sua vida,
Fazendo
de cada ferida
Uma
estrela em seu brasão.
AUTOR:
Eduardo Prazeres
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